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Finanças negras importam

Finanças negras importam

De altamente endividada, passei a investidora. Na informalidade, comecei a aconselhar familiares e amigos sobre como organizar o próprio dinheiro. Foi quase natural escolher ser Educadora Financeira em meu pós-carreira, e alcançar mulheres negras nessa jornada. Vem conferir está história!

E o que veio antes do “altamente endividada”? Sou o resultado de uma família sem nenhuma prática relacionada com Educação Financeira. Surpresa? Nenhuma. As estatísticas nos contam que o tema não é uma tradição em nosso país, menos ainda quando falamos de famílias pobres e negras – meu caso.

  • Senta que lá vem história – A CRISE

Dinheiro sempre foi escasso e desorganizado em minha casa. Custear uma família de cinco filhos e a constante estadia de familiares era um desafio constante permanente para meu pai – funileiro mecânico e minha mãe – dona de casa. O resultado eram brigas constantes sobre dinheiro, finalizando em um divórcio quando completei 15 anos.

“Vender o almoço para pagar a janta” – essa frase é familiar? Assim era. Eu não sabia que poderia ser diferente. Que podia gastar com mais organização. Que era possível investir, mesmo começando com um pequeno valor.

Fui vivendo na corda bamba, comprando tudo em 10 vezes no cartão e invadindo o limite do cheque especial. Tudo se precipitou quando mudei para Curitiba a trabalho, um mês após ter comprado um apartamento (financiado, claro). Manter o apartamento novo e a moradia na outra cidade fez a desordem financeira se acentuar.

Voltei para minha cidade, demorei a me recolocar profissionalmente. As dívidas se avolumaram, o desespero batendo na porta.

  • Transformação – A HORA DA VIRADA

A um passo da inadimplência eu dei um basta. Vendi meu carro, renegociei o limite do cheque especial, comecei a pagar as várias dívidas e também a registrar 100% dos meus gastos. Revisei meu modelo de consumo.  Eram os meus primeiros passos na Educação Financeira.

Para cada dívida encerrada, guardava o valor correspondente. Sim, comecei a investir. Inaugurei um novo modelo de comportamento em minha família. Dava dicas para amigos. Começava a criar um legado.

  • E agora? – HORIZONTES

Chegado os 50 anos e comecei a refletir sobre o meu pós-carreira. Usaria meus saberes dos anos na vida corporativa ou ia vender água de coco na praia?

Mais de três décadas na área financeira, a consciência das transformações positivas que a Educação Financeira fez em minha vida e o desejo de levar igual transformação a outras famílias negras, que como eu, nunca tiveram acesso a essa ferramenta, definiram minhas escolhas.

Uma pós-graduação, uma formação em coach, especializações em educação e planejamento financeiro, boas pitadas de autoconhecimento, observação das experiências pessoais. Surge meu pós-carreira: educadora financeira e coach com foco em mulheres negras.

Isso foi em 2019. De lá para cá, mais cursos, muitas leituras, novas conexões, uma pandemia, mundo virtual, ajustes na rota e a certeza do quão potente é ajudar pessoas a olharem e cuidarem da própria saúde financeira – não necessariamente para enriquecer, mas para viver com paz e dignidade. A cada dia renovo a certeza de ter encontrado o meu lugar.

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